Ficcionista, poeta,
jornalista, ilustradora, tradutora, palestrante, editora de revista,
apresentadora e redatora de TV, Marina Colasanti é uma mulher múltipla e
presente no mundo cultural.
Mesmo antes de vir ao
mundo, Marina já era viajante: ainda na barriga da mãe foi da Itália para a
atual Eritreia, no continente africano, onde seu pai estava morando. Foi em
Asmara, capital do país, que ela nasceu, em 1937. Antes de completar 1 ano foi
viver na Líbia e, em 1939, uma semana antes de ser declarada a Segunda Guerra
Mundial, já estava de volta à Itália, com a mãe, o pai e o irmão.
Até hoje, Marina
gosta de se definir como “uma pessoa em trânsito”: percorrer o mundo é uma de
suas atividades preferidas. Foi ainda na infância que surgiram outras três
grandes paixões da autora: os livros, a escrita e a arte.
Minha mãe gostava de ler contos de fadas pra
mim. Grimm, Andersen, tudo isso habitou minha infância, Também li as obras de
Emilio Salgari (autor de clássicos infantojuvenis italianos).
Quando morava na
Itália, Marina costumava passar os verões na casa da avó, em Roma. Seu avô
tinha deixado uma grande biblioteca, que ela não cansava de explorar. Eram tempos sem televisão, então a gente passava as
noites lendo.
Outro hábito dessa época é escrever
diários. Foi um aprendizado
porque, escrevendo, você aprende a elaborar o sentido por meio das palavras.
Marina mudou-se para o Brasil dois
anos após o fim da guerra, em 1947. A artista iniciou sua carreira pelas artes
plásticas: estudou na de Bellas Artes (RJ) e dedicou-se à gravura. Nessa época,
fez exposições, participou de salões de arte e recebeu vários prêmios e
distinções.
No entanto, logo descobriu a arte da palavra e
a ela se rendeu. Em 1962, foi trabalhar no Jornal do Brasil. Lá conheceu seu
marido, o poeta Affonso de Romano Sant’Anna.
A gente se encontrou na porta do elevador. Ele me convidou para tomar
um café, eu aceitei, e estamos tomando café até hoje.
Em seu percurso pelas
letras, fez inúmeras traduções (Moravia, J. Kozinsky, Ysunari Kawabata, Papini
etc.). Estreou na literatura em 1968 com Eu,
Sozinha, o primeiro de muitos
livros. Sua
produção abrange diversos tipos de texto: ficção infantil e juvenil, textos e
ensaios jornalísticos, contos e minicontos para adultos, crônica do cotidiano,
poesia e memórias. Contudo, essa diversidade é apenas aparente, pois sua obra é
singularmente coesa – os núcleos temáticos que lhe servem de eixo são
reduzidos, assim como é reduzido o conjunto de imagens de que se vale.
A autora mistura os tempos, é como se morasse, concomitantemente, em diversos tempos e espaços. Atenta ao processo de redescoberta da mulher neste nosso século de mutações, Marina Colasanti vem mantendo um diálogo inteligente e corajoso com os problemas, preconceitos e ocultações ou ousadias que nele se misturam. No entanto, ao mesmo tempo, seus contos de fadas parecem vir de um lugar muito distante, como se tivessem sido escritos há séculos, como se sempre existissem, como se fossem contos tradicionais que nos chegam depois de terem passado de boca em boca por milênios. De que fonte secreta se originam seus belos textos?
Em sua produção para a criança, destacam-se os “contos de fadas”, com cenários e personagens europeus, ambientação medieval e dicção poética. Nas entrelinhas desses belos textos, numa linguagem que se equilibra entre o lírico e o narrativo, discutem-se temas bem atuais e pouco infantis: a condição feminina, o consumismo desenfreado, a inveja e o egoísmo, as relações familiares e amorosas.
Mais lírica nos textos infantis, mais crítica nos destinados aos adultos, Marina tem o poder de encantar leitores de qualquer idade. O rótulo “infantil”, que muitos de seus textos trazem em catálogos de editoras, talvez não passe de um sinal, sugerindo ao leitor por onde começar. Todos têm tesouros escondidos em suas profundezas.
A autora mistura os tempos, é como se morasse, concomitantemente, em diversos tempos e espaços. Atenta ao processo de redescoberta da mulher neste nosso século de mutações, Marina Colasanti vem mantendo um diálogo inteligente e corajoso com os problemas, preconceitos e ocultações ou ousadias que nele se misturam. No entanto, ao mesmo tempo, seus contos de fadas parecem vir de um lugar muito distante, como se tivessem sido escritos há séculos, como se sempre existissem, como se fossem contos tradicionais que nos chegam depois de terem passado de boca em boca por milênios. De que fonte secreta se originam seus belos textos?
Em sua produção para a criança, destacam-se os “contos de fadas”, com cenários e personagens europeus, ambientação medieval e dicção poética. Nas entrelinhas desses belos textos, numa linguagem que se equilibra entre o lírico e o narrativo, discutem-se temas bem atuais e pouco infantis: a condição feminina, o consumismo desenfreado, a inveja e o egoísmo, as relações familiares e amorosas.
Mais lírica nos textos infantis, mais crítica nos destinados aos adultos, Marina tem o poder de encantar leitores de qualquer idade. O rótulo “infantil”, que muitos de seus textos trazem em catálogos de editoras, talvez não passe de um sinal, sugerindo ao leitor por onde começar. Todos têm tesouros escondidos em suas profundezas.
Fontes: Dicionário crítico da
literatura infantil e juvenil brasileira. Nelly Novaes Coelho - 5 ed. rev. atual. - São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 2006
http://www.marinacolasanti.com/p/marina-colasanti-um-perfil.html
Antes de virar gigante e outras
histórias. Marina Colasanti. São Paulo: Ática, 2010.
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